terça-feira, 1 de setembro de 2015

Desenvolvimento Sustentável: Marketing ou Responsabilidade Social?



Muito se fala em Desenvolvimento Sustentável desde a Rio +20. Virou moda falar sobre sustentabilidade, que agora todos vão ter atitudes e ações mais sustentáveis, que todo mundo está preocupado com o futuro do planeta. Mas vejo que em tudo isso existe muita falácia, muita demagogia.
Estão aparecendo vários "salvadores da pátria" falando em ODS, OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Na realidade, mesmo tendo um grupo bem articulado de intelectuais, mobilizadores sociais e ativistas que verdadeiramente estão envolvidos com a causa, ainda tem muita jogada política, de interesses partidários e não de políticas públicas. No discurso falam de sustentabilidade com o objetivo de ludibriar as massas e usar como estratégia de obter benefícios e votos nas eleições. Tudo não passa de métodos elaborados para criar uma imagem fictícia de participação popular quando na realidade é manipulação. 


Nos municípios onde se organizaram movimentos pelo Desenvolvimento do Milênio, muitos estrategicamente tiveram nos seus quadros de secretários e coordenadores, os políticos e prefeitos. Isso porque entendia-se que o prefeito deveria comandar as ações em prol do desenvolvimento do milênio pois ele era que mandava no município. Então alguns destes prefeitos davam a mesma atenção aos núcleos de mobilização do mesmo jeito que davam atenção às políticas públicas: a autopromoção e projeção nos interesses políticos partidários. 
A grande contradição está na situação de algumas prefeituras nas quais se demonstraram interesse em aderir na luta pelo desenvolvimento sustentável e elas próprias estão relacionadas a escândalos de corrupção, desvio de verbas e ficha suja. Realizaram eventos com muita pompa, muita festividade, fotos nos jornais, poses para o face. Muita emoção com choros, hino tocando, mão no peito patriota e posturas de autoridades sensibilizadas com os problemas do país. Mas debaixo do tapete... desvio de verbas da merenda e do transporte escolar, falta de remédios nos postos de saúde, caixa dois na contabilidade, pagamento de propina, suborno de fiscais e técnicos contábeis, parentes nos cargos públicos, não realização de concursos, sucateamento dos prédios públicos, perseguição a servidores honestos, salários defasados, direitos violados, impunidade, máfias e toda podridão imaginável.
A população que assiste admirada aos eventos festivos e pomposos em prol do Desenvolvimento do Milênio, fica ludibriada com tantas promessas e sonhos longe de ser realizados e que são pronunciados melodicamente pelas bocas sorridentes e hábeis na arte de enganar. A ela resta pagar as despesas pela festa e o preço de serem desrespeitadas e desmoralizadas quando precisam do serviço público, sendo tratadas apenas como um número a ser marcado nas planilhas de metas alcançadas.
Quando realmente iremos despertar da ignorância? Existe democracia quando existe a exclusão, quando a demagogia fala mais alto?
Em 2013, o Ceará tinha o maior número de presos por corrupção no país de acordo com Departamento Penitenciário Nacional. Foram muitos prefeitos detidos por corrupção e os crimes mais comuns eram de direcionamento da concorrência, conluio entre empresas, uso de organizações de fachadas, desvio de dinheiro público, manipulação das licitações, serviço contratado sem ser prestado. De acordo com o Jornal O POVO, em 2013, prefeitos de Trairi, Senador Pompeu, Nova Russas, Pacajus, Jijoca, Pereiro, Tianguá foram parar nas grades. Porém, nas eleições seguintes seus representantes e parentes voltaram ao poder. 
No Jornal G1- Ceará, em 2011, "As prefeituras de mais da metade dos 184 municípios do Ceará são suspeitas de envolvimento com empresas fraudulentas, de acordo com o promotor de Justiça Ricardo Rocha". No mesmo jornal, o promotor declara que o maior culpado da impunidade é a legislação branda, “O problema é a legislação, que permite muito recurso e deixa (o condenado) preso por muito pouco tempo. É tudo muito brando”.
Enfim, o que fazer pelo Desenvolvimento Sustentável se a estrutura da governabilidade e das políticas públicas não é sustentável? Como promover a sustentabilidade com a existência de currais eleitorais e manipulação da opinião pública?
Dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, quero destacar o Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis, e em especial a meta 16.5 reduzir substancialmente a corrupção e o suborno em todas as suas formas.
Atingir essa meta é um dever de todos nós. A nossa omissão fortalece que pratica a corrupção. O silêncio dos covardes fortalece o grito autoritário dos opressores e corruptos que mandam e desmandam no poder. Temos que tomar decisões, temos que ser cidadãos.